HOMENAGEM I
Na noite da última terça feira (16), a Câmara
de Vereadores de Poço Branco realizou uma sessão solene para homenagear o Dia Internacional
da Mulher. Mesmo acontecendo 39 dias após a data oficial (8 de março), e contando
com uma tímida participação da comunidade, a solenidade foi marcada por emoção e biografias que se confundem com a própria história da cidade de Poço Branco.
Entre anônimas e pessoas públicas, cada vereador optou por indicar uma poço-branquense
para homenagear - uma tarefa difícil quando o município possui quadros
femininos que sempre se destacaram pela atuação e presença nos mais importantes
momentos da comunidade. Com certeza, cada uma delas, a seu tempo e modo, deu alguma contribuição
para o desenvolvimento do município.
Em seu blog, o ex-vereador Neo Alves destacou
outras quatro que também poderiam ter sido homenageadas naquela noite. Foi uma
homenagem também válida, mas com tantas opções disponíveis seria impossível produzir
uma matéria digital sem esquecer de algumas delas.
Em 2009, quando ainda era o único blog do município,
este espaço homenageou 156 mulheres: algumas em vida; outras, já falecidas
(imagem abaixo). Foi uma maneira de reconhecer as virtudes de algumas e rememorar as de outras... Mesmo assim, e certamente, também restaram muitas conterrâneas
a homenagear.
HOMENAGEM II
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Vereador Inácio Alexandre (esq) homenageou Dona Marié |
Dentre as mulheres
homenageadas na solenidade, destaque para a paraibana Maria Nunes Felipe, mais conhecida como Dona Marié, mãe do professor José Cassimiro
e de outros dez irmãos.
A seguir, reproduzimos
um pouco da história de Dona Marié. Confira.
Maria Nunes do Nascimento, conhecida carinhosamente como
Dona Marié, nasceu aos 05 dias do mês de abril de 1935, no Sítio Junqueiro, no
município de Serraria, na Paraíba. Teve uma infância normal, dentro dos
parâmetros da época. Em 1952, aos 17 anos de idade, desloca-se para Recife,
para casa de uma tia, objetivando trabalho e, mesmo de menor, consegue sua
primeira e única experiência de trabalho com carteira assinada na Fábrica de
Tecidos Macaxeira, no Bairro de Casa Amarela, por 1 ano e 6 meses.
Em 1954, então com 19 anos, retorna à Serraria/PB quando
conhece João Cassimiro Felipe, jovem recém-chegado de Caicó/RN, que estava na
cidade a trabalho e que se constituiria no grande amor da sua vida. Após dois
anos de namoro, aos 21 anos, casa-se com João Cassimiro Felipe, em 26 de maio
de 1956, assumindo o nome de Maria Nunes Felipe e vem morar em Solânea-PB,
dedicando-se exclusivamente aos afazeres domésticos.
Em 14 de março de 1957, tem o 1º filho de uma série de
11, todos nascidos vivos. O jovem João trabalhava na construção de um túnel
ferroviário na vizinha cidade de Bananeiras/PB e Dona Marié era responsável
pela casa e pela educação dos filhos. Em 1962, Seu João, com o término das
obras do túnel ferroviário, é convidado pelo amigo Vauban Bezerra de Faria,
engenheiro daquela obra, a vir para o Rio Grande do Norte, trabalhar em uma
grande obra, a então Barragem de Taipu.
Seu João aceita o convite e deslocou-se para o local da
obra, ficando Dona Marié sozinha, com seus, até então, cinco filhos. Ela assumiu
a casa na sua totalidade, já que a distância, os meios de transportes e o
trabalho intenso eram fatores que dificultavam a ida e vinda de seu João para
Solânea/PB. A visita a sua família acontecia a cada 30 dias.
Dona Marié sofria com essa ausência, mas resistia em sair
de Solânea/PB, pois ali estava próximo dos seus familiares. A obra da Barragem
se estendia e seu João viu a necessidade de trazer a sua família para o local
da obra, pois a Construtora Nóbrega & Machado Ltda começara a construir residências
para os funcionários casados e de outras localidades. A família de Seu João foi
uma das primeiras a migrar para Poço Branco, tendo chegado aqui em 09 de
Janeiro de 1963, habitando uma das primeiras casas construídas, a mesma que Dona
Marié habita até hoje, 50 anos depois.
Dona Marié vive momentos delicados, devido às saudades
dos seus entes queridos distantes, mas supera com dedicação à família que
requer cuidados especiais como saúde e educação, itens precários na localidade.
Sua abnegação pelo próximo é grande e se dedica incansavelmente à Igreja
Católica, sendo hoje participante do Apostolado de Oração e a uma tarefa
grandiosa: curar o próximo, arte que aprendera com sua mãe e até hoje pratica,
sobretudo com as crianças.
Ela ainda acorda antes das 5 horas da matina e só dorme
após as 21 horas, dedicando-se ao lar, aos filhos e filhas e à Igreja. Adora
servir o tradicional cafezinho vespertino, todas às tardes, na sombra da mangueira
para quem chega ao banquinho em frente a sua residência. A seu próximo, como
benzedeira, ajuda e jamais abriu mão de fazer. E essa ação já lhe oportunizou
ser entrevistada pela equipe organizadora do Selo UNICEF. Dona Marié é uma
mulher forte, dinâmica, caseira e uma cidadã que também contribuiu para o
desenvolvimento de Poço Branco.
Texto extraído do
Facebook de José Cassimiro Felipe.