Por Reginaldo Ferreira de Almeida
Ao iniciar sua entrevista ao Blog, o professor Reginaldo Ferreira (53) diz: “O Hotel de Poço Branco significou muito para todos nós e foi um grande ponto de apoio da construção da Barragem Eng. José Batista do Rêgo Pereira. O Hotel foi o local de hospedagem de engenheiros, construtores, autoridades e demais pessoas de reconhecida representatividade para aquela obra, que ainda é a maior do município e de toda região”.
O professor lembra três grandes momentos vividos por ele no Hotel de Poço Branco: as festas nos fins de semana (chamadas de “assustados”); as festas de outubro e sua colação de grau, em 1989. Reginaldo diz que a festa de outubro era o grande marco do Hotel, iniciando com o Louvor ao Coração de Jesus, passando pela tradicional barraca e o leilão da igreja e culminando com o grande Baile do Hotel – um evento esperado o ano inteiro por toda comunidade jovem da época.
Reginaldo afirma que a decadência do Hotel se deu após a conclusão da Barragem de Poço Branco, pois a principal clientela do Hotel (funcionários da Construtora Nóbrega & Machado) voltou para suas cidades de origem. “A cidade não tinha uma população com poder de consumo suficiente para manter o Hotel funcionando. O poder aquisitivo era muito pequeno por aqui e aí o Hotel perdeu sua sustentação”, revela o professor Reginaldo.
O professor nos revela ainda que “o Hotel foi se tornando inviável financeiramente para os padrões da época e alguns jovens do município tiveram a idéia de criar um espaço próprio e menos oneroso”. Surgiu aí o Clube de Jovens (hoje sede da Câmara de Vereadores), um espaço que reunia a juventude do lugar e que também foi palco de grandes momentos da sociedade poço-branquense. Como a população de Poço Branco foi crescendo surgiram outras opções de lazer, como os clubes Alecrim e Sanelândia.
O HOTEL DE POÇO BRANCO
Por Elione da Silva
Aos 56 anos de idade, a poço-branquense Elione da Silva afirmou ao Blog que não há como falar do Hotel de Poço Branco em poucas palavras. Para ela, as pessoas nem sempre reconhecem as coisas boas do seu passado como deveriam. “O Hotel marcou a vida de toda uma geração e significou muito para esta cidade. Lá ficaram hospedados funcionários da construtora, visitantes da cidade e foram realizados muitos bailes. É uma pena que o Hotel só tenha sido um ponto turístico há muitos anos e hoje tenha caído no esquecimento do que ele representou para a cidade de Poço Branco”.
Elione relembra as festas do padroeiro, as matinês do carnaval e a escolha da rainha de Poço Branco como suas melhores lembranças do Hotel. “A festa de outubro era o maior evento realizado no Hotel, mas a escolha da rainha era um evento à parte porque movimentava a juventude da cidade e atraia público de várias cidades para a festa. Vinha gente de toda região pra cá”.
Para nossa entrevistada, a decadência do Hotel foi fruto primeiramente do abandono do DNOCS - órgão que construiu o prédio. Depois, após passar para o controle do município, o Hotel entrou em decadência porque pouco foi feito para que ele continuasse funcionando. As opções de lazer na cidade eram poucas e, como o Hotel não continuaria funcionando, o Clube de Jovens também foi uma importante alternativa de diversão para a juventude da época.
O HOTEL DE POÇO BRANCO
Por José Rodrigues da Silva
O poço-branquense José Rodrigues da Silva (71) revela ao Blog que “falar do Hotel é como falar de mim mesmo” e não esconde sua emoção com relação ao assunto. Zé Caxiado, como é mais conhecido, afirma que o Hotel proporcionou grandes momentos para a vida social da então “pequena comunidade poço-branquense”. “Além de hospedar diversas pessoas e autoridades, o Hotel era um cartão postal da cidade de Poço Branco. As pessoas paravam em frente só para tirar fotos da sua fachada. Infelizmente o poder público municipal não soube continuar com aquela bonita história”, lamentou Zé Caxiado.
A sua principal lembrança foi o período em que administrou e residiu no Hotel. Por três anos, Zé Caxiado comandou o mais importante espaço social do município e acredita que o Hotel jamais deveria ter sido desativado. “Lembro-me das festas do padroeiro e do Carnaval em que o salão do Hotel ficava superlotado e dos tempos em que ele foi a sede do Projeto Rondom, Incra, Levantamento dos Quilombolas e do Grupo Teatral Águia. Um lugar assim não poderia ter sido fechado”.
Para Zé Caxiado a desativação total do Hotel começou quando o então prefeito da cidade, João Ferreira da Cruz, resolveu doar o prédio para o Estado (em 1988). “Existia outra idéia que era aumentar a área do Hotel e transformar todo o quarteirão em uma grande área de lazer, com piscinas e parques para crianças brincarem. Ao invés de continuar essa idéia, o prefeito, alegando falta de condições, preferiu doar os terrenos e o Hotel. Hoje, vemos que ele não deveria ter feito assim”.
O cidadão Zé Caxiado diz que, nos anos 60 e 70, as opções de lazer em Poço Branco quase não existiam e o Hotel uma das poucas. “As festas da cidade eram de ano em ano. O Carnaval e a Festa do Padroeiro eram as principais, mas havia também as festas nos distritos de Contador e Pouza. Com o passar do tempo apareceram outros clubes, mas nenhum jamais teve a magia do Hotel”, destaca Zé Caxiado que finaliza sua entrevista dizendo que o Hotel (hoje abrigando o Fórum Judiciário) poderia ser transformado num Museu sobre a história do município.
NOTA: O Blog agradece aos entrevistados pela colaboração para a história de Poço Branco e, em breve, postará outras entrevistas sobre o Hotel de Poço Branco. Aguardem.
3 comentários:
Poxa! Daniel só obrigado a concordar com o sábio Zé Cacheado!
Belíssima iniciativa, memórias como a de seu Zé Cacheado de veriam ser preservadas, pois tem muito a dizer das nossas origens.
Robson Vicente.
VALEU MERMO DANIEL PELA HISTORIA DA NOSSA TERRRA.
Como disse a primeira dama foi um momento mágico e bonito, é uma pena que os jovens de hoje não sabem se divertir de maneira íntegra.
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