31 de jul. de 2011

NOTÍCIAS GERAIS

DEPOIMENTO PESSOAL

Olá meu caro Daniel. Sou filho de Poço Branco e minha família mora no distrito da Lagoa do Serrote. Há 14 anos moro em Parnamirim, mas procuro sempre ficar ligado nos acontecimentos que ocorrem em nossa querida cidade. Quando fiquei sabendo da existência do seu blog fiquei muito feliz e logo fui procurar na internet. Hoje, não tem um dia sequer que eu não esteja visitando o blog. Pra mim isso virou uma rotina porque acho que a nossa cidade já precisava ser divulgada e conhecida. O trabalho que vocês estão fazendo é muito importante. Continue fazendo com que esse espaço seja sempre uma porta para estarmos antenados com o que acontece em nossa cidade, coisa que nunca existiu em Poço Branco. Parabéns a todos.

Grande abraço,

Ângelo Márcio – de Parnamirim/RN

DE PÉ NO CHÃO

No inicio dos anos 60, a capital do Estado viveu uma experiência pioneira, de eficácia quase total e de reconhecimento internacional. Tratava-se de uma cruzada contra o analfabetismo em que as escolas saiam em busca de crianças e adultos considerados analfabetos (num processo inverso à realidade atual). Em cada canto de praia, em cada favela e nos poucos bairros a disputa nas ruas da capital não era entre gangues de traficantes, originados em redes sociais ou de torcidas organizadas - como ocorre hoje em dia. A meta era diminuir os altíssimos índices de analfabetos - coisa que, atualmente, tenta-se fazer de maneiras não tão eficazes.


Essa era a Natal governada pelo prefeito Djalma Maranhão (foto acima), idealizador do projeto “De pé no chão, também se aprende a ler”, tido como um político honesto e progressista – bem diferente da grande maioria de hoje. No início dos anos 50, Djalma Maranhão foi nomeado prefeito de Natal e, em 1960, aos 45 anos, foi eleito o primeiro prefeito da capital através do voto direto. Infelizmente ele não teve tempo suficiente para governar a capital e realizar todos os projetos que trazia consigo.

Hoje, o nome de Djalma Maranhão pode ser considerado como sinônimo de Educação quando se trata de iniciativas municipalistas educaionais próprias, mas, na época, ele foi taxado de comunista, perseguido pelo governo federal e excluído do seu convívio social. Aquela era uma época que possuía suas dificuldades particilares (miséria, fome, grandes distâncias, falta de comunicação, perseguição política, etc.), mas as equipes de professores (formada em centros profissionais), mesmo dispondo de recursos mínimos, conseguiram alfabetizar mais de 25 mil natalenses através de um processo de inclusão social elementar e que deu resultados.

Além de aprender a ler e a escrever, as crianças dividiam momentos de lazer e se alimentavam de frutos da terra, de legumes e verduras plantadas em hortas administradas por eles próprios. Além das crianças, adolescentes e adultos também tinham a oportunidade de estudar em locais fechados ou palhoças em horários diferenciados. Djalma Maranhão foi um vanguardista no que hoje foi batizado de Ensino de Jovens e Adultos (EJA), numa época em que nem era preciso “pagar” para os alunos frequentarem os bancos das escolas.

O projeto venceu desafios que ainda hoje são comuns à escola brasileira. Onde não havia escolas de alvenaria, o projeto construiu acampamentos escolares; como não havia professores diplomados, qualificou com os seus próprios recursos humanos; sem material didático, redigiu seus próprios textos educacionais. A sala de aula jamais foi largada à própria sorte, pois os acompanhamentos técnico-pedagógicos tinham um supervisor para cada vinte professores e não existiam movimentos paradistas.

Em 1964, com o golpe militar, Djalma Maranhão foi preso e levado a um Quartel General por ter sido contrário aos ideais militares da época. Lá, ele recebeu a proposta de liberdade em troca da renúncia ao cargo de prefeito, mas não aceitou e foi encaminhado à prisão. Antes, ele passou pelas celas de Fernando de Noronha e Recife - até pedir exílio político em Montevidéu-Uruguai, onde faleceu em 1971.

Um comentário:

Edinho disse...

Belíssimo texto, Daniel.

Apresenta a história de um grande homem e um político à frente do seu tempo. Ele foi capaz de abdicar dos seus interesses pessoas e econômicos por uma causa, uma ideologia maior: EDUCAÇÃO para toda a coletividade.

Somente um líder, lutador eterno pelos seus ideias, é capaz de fazer isso. É por isso, também, que políticos idelalista e determinados por uma causa, como Djalma Maranhão, estão cada vez mais em extinção.

Por falar em Educação,a gora em Poço Branco, cobramos na Câmara(sessão passado), o funcionamento do cursinho pré-vestibular e a disponibilização de um ônibus para os universitários que fazem faculdade em Natal. Muitos me confidenciaram que, além de pagar a faculdade, ainda pagam todos os custos com o transporte.

Por mais que uma festa, do porte de aviões do forró, seja importante para resgatar a auto-estima do nosso povo(e é realmente importante), existem outras coisas prioridades na nossa cidade que é de extrema importãncia, dentre elas, o investimento forte em EDUCAÇÂO. Não me conforme que a educação seja "prioridade" apenas no discurso. É preciso e necessário, ante aos recursos que PB vem recebendo( R$ 1,2 a 1,3 milhões por mês, em média, conforme Portal da Transparência do Governo Federal) que a EDUCAÇÂO seja prioridade, sim, nas ações efetivas, especialmente no investimento(e não custo) da formação de universitários que, seguramente e como forma de gratidão, direcionarão seus conhecimentos e habilidades técnicas para o desenvolvimento de nossa cidades. Porém, para tanto, nossos universitários e estudantes agradecem muito ao poder público se puderem investir um pouco na sua formação(especialmente, com já foi dito, nos custos com o transporte à capital e o funcionamento do cursinho- que infelizmente, a esta altura do "campeonato"(mês de agosto) não sei se ajuda muito, considerando que o vestibular é em novembro.Continuamos cobrando e aguardando ações do poder público nesse sentido.....

EDINHO.