28 de mar. de 2013

SEMANA SANTA

A SEMANA SANTA E A PAIXÃO DE CRISTO

Junior Agulha foi o último Jesus Cristo da peça
A Semana Santa em Poço Branco chegou e com ela um assunto é praticamente unanimidade: a ausência da encenação da Paixão de Cristo, um espetáculo que levou emoção e mensagens de Jesus Cristo a muitos poço-branquenses e visitantes. A encenação infelizmente ficou para trás, já faz parte do passado e parece distante de voltar a ser realizada.

Mas a fé do povo de Poço Branco parece inabalável: a tradição de comer peixe, fazer jejum e participar ativamente da semana da Páscoa ainda acompanha alguns conterrâneos. Certamente muito menos que no passado, mas permanece viva uma participação significativa.

Sem a barragem sangrando as opções de lazer diminuem
A Semana Santa também é uma oportunidade de muitos conterrâneos visitarem seus familiares e de reverem amigos. Parte desse argumento se deve, é claro, ao feriadão prolongado que se aproxima, mesmo que as opções de lazer no município estejam muito restritas a iniciativas de grupo de pessoas e aos clubes locais.

Outra tradição de Poço Branco são as festas profanas que reúnem muitos jovens nos clubes da cidade. E não poderia faltar “o roubo a galinhas” e “a perseguição ao Judas”, tradições que fogem às recomendações religiosas e de etiqueta social que ainda não foram totalmente extintas.

Praticamente todas as tradições da Semana Santa estão sendo mantidas. Contudo, a peça teatral “A Paixão de Cristo” é, sem dúvida, a ausência mais sentida na cultura popular do povo de Poço Branco. Infelizmente. 

SAUDADES DA PAIXÃO DE CRISTO
 
Por Thomas Jefferson - publicado em março de 2009.

Em ruínas, o local da peça perdeu utilidade para a população
Já se passaram vários anos desde a morte definitiva de uma de nossas culturas, quem sabe uma das mais privilegiadas da região do Mato Grande. É chegada a Semana Santa e fico imensamente triste em não ter mais a nossa peça “A Paixão de Cristo”, que mostrava a história de um grande homem e também trazia pessoas de várias partes da região e do Estado.

Hoje, quem passa pelo local onde era realizada a peça se emociona e lembra que ali já passaram grandes pessoas, como Bernardo, Antônio Miranda, Ciquilho, Hélio Cambêta, Geraldo Gonçalo, Pelé e tantos outros de quem não lembro os nomes. O que antes era um grande centro de cultura, hoje não passa de ruínas e de saudades.

Já houve um tempo em que as pessoas davam valor a nossa cultura, um tempo em que as pessoas saiam de suas casas para ensaiar e ajudar nos preparativos. Mães de famílias, pais, irmãos, primos... O Grupo Teatral Águia era uma família, uma grande família. Faziam isso com o único propósito de passar uma mensagem de Paz para os que iam assistir ao espetáculo.

Uma das pessoas que faziam a magia do grupo acontecer era o senhor Antônio Miranda, um homem que tinha amor pela coisa. Eu era apenas uma criança, mas lembro da sua determinação para que o espetáculo acontecesse de forma satisfatória para todos. Lembro-me das pessoas que ficavam atrás das cortinas e da preocupação dos contra regras e narradores para que tudo funcionasse certinho. Eram pessoas que não ganhavam nada, mas se contentavam com os aplausos da platéia.

Não sei o que aconteceu para tudo acabar. Parece que o grupo caiu em amargura com a saída, a cada ano, de mais e mais atores. O grupo chega ao ápice do fim, deixa de fazer a peça no seu local de origem pra improvisar uma encenação no ginásio - pelo que me lembro, foi o último.

Hoje, quem participou da peça, como eu participei, vive apenas de lembranças, de momentos bons. Antes e após cada peça realizada, rezávamos para agradecer o sucesso. Todos tinham seus momentos ruins, mas no final tudo dava certo como o que foi ensaiado. As pessoas saíam de suas casas, o Padre vinha prestigiar o evento e outras autoridades também. As pessoas não vinham ver atores profissionais. Eles vinham ver donas de casas, estudantes, pais de famílias.

Hoje, um pedaço da nossa cultura está morta talvez por causa de pessoas irresponsáveis, por causa de pessoas que só pensavam em si mesmas. E o pior é que não sabemos se a peça irá voltar um dia... É triste admitir, mas um povo sem cultura é como uma caverna vazia e escura: nunca há nada de interessante para se ver dentro dela.

Um comentário:

Anônimo disse...

ta bom que o grupo de teatral aguia volte. para a alegria de poço branco.